A Santidade na Igreja

A Santidade na Igreja: Um Chamado à Pureza e Separação do Pecado

Na Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios, capítulo 5, versículos 1 a 13, o apóstolo Paulo aborda uma questão séria e delicada que estava acontecendo na igreja de Corinto. Embora estivesse distante fisicamente, Paulo tinha total ciência dos problemas que a igreja enfrentava, especialmente um grave pecado de fornicação que havia surgido entre os membros. Esse problema era tão escandaloso que ele mencionou ser uma prática que nem os gentios (aqueles que não conheciam a Deus) tolerariam: um homem estava em pecado com a esposa de seu próprio pai.

A Indignação de Paulo

Paulo não esconde sua indignação com essa situação, apontando para a arrogância e falta de arrependimento dos coríntios por tolerarem tal comportamento. Ele expressa sua perplexidade pela igreja não ter agido imediatamente para remover o ofensor. Esse caso de incesto representava uma ameaça espiritual não apenas para o indivíduo envolvido, mas para a integridade espiritual de toda a igreja. Segundo Paulo, quando um pecado tão grave é tolerado dentro da comunidade, ele funciona como “um pouco de fermento que leveda toda a massa”, ou seja, a má influência de um pecado não tratado pode contaminar toda a igreja.

Paulo instrui os líderes da igreja a tomar uma medida drástica: entregar o pecador "a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus". A ideia central aqui é que, ao remover o pecador da comunhão, ele seria exposto às consequências do pecado no mundo e, por meio desse sofrimento, poderia vir ao arrependimento e salvar sua alma. Essa disciplina era um ato de amor duro, visando não apenas a pureza da igreja, mas também a salvação do pecador.

A Revelação Espiritual e a Separação entre Corpo e Espírito

Paulo traz uma revelação espiritual importante: a separação entre corpo e espírito. Ele explica que o corpo físico e o espírito têm naturezas independentes, e que o castigo físico, neste caso, não era apenas uma punição, mas uma forma de preservar a salvação do espírito. Isso é fundamentado no entendimento de que, mesmo que o corpo sofra as consequências do pecado, o espírito ainda pode ser salvo no dia da volta de Jesus.

O apóstolo também enfatiza que a Palavra de Deus é "uma espada de dois gumes", capaz de fazer a separação entre a alma e o espírito. Essa passagem nos mostra que Deus está mais preocupado com a condição eterna da alma do que com o estado físico do corpo.

A Necessidade de Purificação

Além de confrontar o pecado individual, Paulo se preocupa com o impacto coletivo do pecado na igreja. Ele adverte os coríntios a se purificarem do "fermento velho" para que possam ser uma "nova massa". Esse "fermento" representa o pecado que, se não tratado, pode corromper toda a igreja. A ideia é clara: tolerar o pecado dentro da comunidade cristã afeta a pureza e a santidade da igreja como um todo.

Paulo também exorta os coríntios a se afastarem de pessoas que se dizem irmãos, mas que vivem em pecado deliberado. Ele lista uma série de comportamentos que devem ser evitados entre os crentes: fornicação, avareza, idolatria, maledicência, embriaguez e roubo. Esses pecados, quando praticados por aqueles que afirmam seguir a Cristo, são especialmente prejudiciais, pois mancham o testemunho da igreja e desonram o nome de Deus.

O Julgamento Divino e a Responsabilidade da Igreja

Paulo faz uma distinção importante entre o julgamento dos crentes e dos descrentes. Ele afirma que não cabe à igreja julgar aqueles que estão fora da comunidade de fé, pois esse julgamento pertence a Deus. No entanto, dentro da igreja, há uma responsabilidade mútua de corrigir e disciplinar aqueles que estão em pecado, para que o corpo de Cristo permaneça puro e irrepreensível. Essa purificação é essencial para que a igreja continue sendo um testemunho vivo da santidade de Deus no mundo.

O Corpo Físico e o Corpo Espiritual de Cristo

Paulo encerra sua exortação lembrando aos coríntios que a igreja é o corpo espiritual de Cristo. Assim como o fermento pode contaminar toda a massa de pão, o pecado não tratado pode corromper toda a igreja. Ele exorta os coríntios a não se associarem com aqueles que vivem em pecado deliberado, especialmente quando se dizem crentes, e a remover o “iníquo” do meio deles.

Essa passagem nos traz uma lição profunda sobre o equilíbrio entre o amor e a disciplina dentro da igreja. O objetivo de Paulo não era apenas punir, mas restaurar, tanto o pecador quanto a pureza da comunidade. O amor de Deus, revelado por meio de Cristo, oferece perdão e salvação, mas também requer de nós santidade e uma vida de acordo com os princípios do Reino.

Pastor Itamar Crestani.

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