A Última Páscoa e a Instituição da Santa Ceia
A Última Páscoa e a Instituição da Santa Ceia: Uma Reflexão
A Páscoa sempre teve grande significado para os judeus, sendo um lembrete da libertação do povo hebreu da escravidão no Egito. Celebrada como a maior festa judaica, ela marcava a passagem do Senhor sobre as casas dos hebreus, quando a morte veio sobre os primogênitos do Egito. Entretanto, para os cristãos, a Páscoa ganhou um novo significado. Comemoramos a morte e a ressurreição de Jesus Cristo, o Salvador do mundo, que ofereceu a si mesmo como o Cordeiro perfeito para remissão dos pecados de toda a humanidade.
Na sexta-feira, rememoramos a morte de Jesus — o seu sofrimento, as angústias, e a crucificação no Gólgota. É um dia de lamento e reflexão sobre o sacrifício do Filho de Deus. Mas no domingo, celebramos a sua ressurreição gloriosa. Cristo ressurgiu, e a sua vitória sobre a morte trouxe-nos a vida eterna! A mensagem central do Evangelho é esta: o túmulo está vazio, pois Ele vive! Jesus está à direita do Pai, com todo poder no céu e na terra.
O relato bíblico de Mateus 26:17-30 nos apresenta a última Páscoa que Jesus celebrou com seus discípulos e a instituição de um novo símbolo para os cristãos — a Santa Ceia. No primeiro dia da festa dos pães ázimos, os discípulos se aproximaram de Jesus e perguntaram: "Onde queres que façamos os preparativos para comeres a páscoa?" Jesus então instruiu-os a irem até a cidade e encontrarem um homem, informando que ali, naquela casa, Ele celebraria a Páscoa com eles.
Os discípulos fizeram como o Mestre lhes ordenou, e quando a tarde chegou, Jesus sentou-se à mesa com os doze apóstolos. Enquanto comiam, Ele fez uma revelação chocante: "Em verdade vos digo que um de vós me há de trair". Os discípulos ficaram profundamente entristecidos e começaram a perguntar: "Porventura sou eu, Senhor?". Jesus então indicou que o traidor era aquele que, junto com Ele, estava colocando a mão no prato.
Jesus sabia o que o aguardava. Ele seria traído por Judas Iscariotes e entregue às autoridades para ser crucificado. Contudo, mesmo diante dessa dura realidade, Jesus seguiu com a instituição de algo novo para seus seguidores. Ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e deu aos discípulos, dizendo: "Tomai, comei; isto é o meu corpo". Em seguida, tomou o cálice, deu graças e o ofereceu aos discípulos, dizendo: "Bebei dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos para remissão dos pecados".
Com essas palavras, Jesus estabeleceu a Santa Ceia, um ato simbólico que até hoje é celebrado por cristãos ao redor do mundo. O pão e o vinho representam o corpo e o sangue de Cristo, dados por nós na cruz do Calvário. Mais do que uma simples comemoração, a Santa Ceia é um ato de comunhão. É através dela que nos conectamos ao sacrifício de Jesus e relembramos a nossa participação no corpo de Cristo. Quando tomamos o pão e o cálice, estamos, simbolicamente, reafirmando nosso compromisso com o Evangelho e a nossa dependência do sacrifício de Cristo para a salvação.
Essa cerimônia também nos aponta para o futuro. Jesus declarou que não beberia mais do fruto da vide até que o fizesse novamente no Reino de Deus. Isso nos dá a esperança de que um dia estaremos todos reunidos com Cristo, em comunhão plena, para celebrarmos com Ele o triunfo final sobre o pecado e a morte.
Para os cristãos, a Páscoa e a Santa Ceia são momentos de profunda reflexão e gratidão. São oportunidades para nos lembrarmos do sacrifício incomparável de Cristo e da grandeza do plano de salvação que Deus preparou para todos aqueles que creem. Assim, a cada vez que nos aproximamos da mesa da comunhão, somos chamados a examinar nossos corações, reconhecer nossa dependência de Deus e renovar nossa fé.
Portanto, participar da Santa Ceia não é apenas um ato de ritual, mas uma oportunidade de reforçarmos nossa união com Cristo e com seus ensinamentos. É um momento de celebração da vida que Jesus nos deu através de sua morte e ressurreição. Que cada cristão possa viver essa verdade de forma plena, sempre lembrando que, por meio do sacrifício de Cristo, somos participantes do seu corpo e salvos para a vida eterna.
Pastor Itamar Crestani.